Diversidade e Inclusão Importam, devemos estar preparados para viver e trabalhar num mundo diverso!

#Fernanda Gabriela Borger

Hoje, além da pandemia, assistimos as manifestações e protestos contra o racismo no mundo, “Diversidade e inclusão” deixou de ser um tema que está fora das paredes institucionais das organizações, vemos a preocupação com equidade, inclusão de grupos sociais em desvantagem, a prevenção da discriminação, e outras questões fazendo parte da gestão das organizações resultando em novas práticas, ocorreram avanços dentro e fora das organizações, entretanto ainda há pontos para a reflexão. Primeiro o que é diversidade?

“Diversidade é o conjunto de diferenças e semelhanças que caracterizam as pessoas e as tornam únicas , singulares, com seus grupos de pertencimento dos mais variados”. Reinaldo Bulgarelli,2016.

Envolve gênero, raças, orientação sexual, idade, religião, cultura, nacionalidade e vai abranger cada vez mais os seres humanos, porque todos somos diferentes e iguais ao mesmo tempo.

Temos características diferentes e iguais, pertencemos a diferentes grupos, às vezes somos minorias, outras maiorias, as vezes somos parte, outra somos excluídos.

Promover e valorizar a diversidade é pensar na equidade de oportunidades.

Segundo Amatya Sem, as oportunidades reais que as pessoas têm, dadas as sua circunstâncias pessoais e sociais, são os processos que permitem a liberdade de ações e decisões.

Oportunidade para se desenvolver, crescer, o que pode significar tratar de forma diferente para promover a igualdade. Esta pode levar as ações afirmativas, as cotas, programas de inclusão.

O que as empresas estão fazendo? Algumas empresas estão olhando para dentro e reconhecendo que tem que lidar com a diversidade, trazendo grupos para trabalhar, criando programas, ações para a inclusão, estabelecem metas como por exemplo (20% dos de mulheres em cargos de liderança, a contratação de aprendizes, entre outras iniciativas),mas mesmo com estes esforços, ainda não atingimos uma representatividade dos grupos.

A pesquisa Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, demonstrou que o mercado de trabalho brasileiro continua mostrando grandes desigualdades. A sub representação dos negros , a proporção é inferior a de brancos. São maioria em algumas categorias profissionais de formação aprendizes e trainees, mas são minoria em outras. A sub-representação se acentua, quando olhamos para cargos mais alto gerencia, supervisão e diretoria. O mesmo acontece com as mulheres, ainda não participam em todas as categorias profissionais, e ainda não ocupam os cargos estratégicos e de liderança.

Olhar para as estatísticas e comparar com os dados demográficos é necessário, mas não suficiente, as empresas devem perguntar por que as ações, programas, projetos funcionam ou não funcionam, constatar a sub representação, não leva a inclusão.

Tem uma história da cabala que pode ilustrar este ponto: todo dia, a mulher de um rabino, olhava pela janela, e criticava a sua vizinha porque a roupa que ela estendia no varal estava suja e mal lavada. Um dia olhou pela janela e viu que a roupa estava branca e limpa, comentou com o seu marido, finalmente a vizinha havia lavado bem a roupa. O marido respondeu que não foi a roupa que havia sido bem lavada, mas que havia aberto a janela.

Será que não estamos medindo ou criando programas, sem mudar efetivamente como olhamos para os diversos grupos, sem olhar para as diferenças, sem considerar outros aspectos como fatores culturais, valores e diferenças, remuneramos as mulheres considerando apenas o número de horas trabalhadas, oferecemos os cargos sem oferecer oportunidades reais de crescimento, sem mudar os padrões de comportamento e suposições como as mulheres são melhores em humanidades e os homens em tecnologia, as Pessoas com Deficiência não podem porque são incapazes, os negros não são qualificados, e outros preconceitos, precisamos abrir a janela, para abordar de forma diferente a diversidade nas organizações.

É preciso adotar novas abordagens, pensar que para percorrer novos caminhos precisamos de novos mapas e fazer escolhas que avancem na equidade, justiça e paz.

Fernanda Gabriela Borger

Atua profissionalmente como pesquisadora sênior na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE e como consultora para o planejamento, gestão e avaliação de projetos de investimentos públicos e privados, incluindo os estudos de viabilidade econômica para órgãos de governo junto a agentes de financiamento internacional (BID e World Bank). Destaca-se a sua experiência no desenvolvimento e aplicação de metodologias de avaliação e monitoramento de indicadores sociais, ambientais e econômicos – financeiros. Participa dos grupos de trabalhos do GRI – Global Report Initiative, entidade internacional para a promoção e desenvolvimento dos Relatórios de sustentabilidade, para elaboração dos suplementos setoriais. Especializada na gestão estratégica de Responsabilidade Social e Sustentabilidade Corporativa, atua profissionalmente como consultora de empresas e organizações setoriais, pesquisadora sênior e coordenadora de projetos de pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe- USP. Professora Doutora e coordenadora do curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica para a Sustentabilidade da FIA. Administradora de empresas formada na Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, mestre em Ciência Ambiental pela USP e doutora em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Seu trabalho de pesquisa para o doutorado investigou a gestão da responsabilidade social em três empresas brasileiras e seus efeitos na dinâmica empresarial. A sua especialização em pós-graduação foi na área de economia ambiental, enfocando o desenvolvimento de métodos para a avaliação econômica do meio ambiente e o desenvolvimento de instrumentos de gestão de projetos e investimentos do setor público na área de meio ambiente.

#PraTodosVerem: foto da Gabriela em close de rosto, sorrindo, ao fundo parede branca. Ela tem cabelos escuros, encaracolados, na altura do pescoço.Tem a pela branca e veste uma blusa verde oliva.

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